quinta-feira, dezembro 22

Existência Consciente - Sol do deserto pode suprir energia do mundo



LEO HICKMAN

DO "GUARDIAN"



No verão de 1913, num campo logo ao sul do Cairo, na margem oriental do Nilo, um engenheiro americano chamado Frank Shuman posicionou-se diante de uma reunião da elite colonial do Egito, incluindo o cônsul-geral britânico, lorde Kitchener, e ligou sua nova invenção.
Em pouco tempo, galões de água se derramaram de uma bomba, saturando o solo a seus pés. Atrás dele estavam fileiras e mais fileiras de espelhos curvos seguros sobre berços metálicos, todos voltados para o sol fortíssimo no céu. Quando os raios do sol batiam nos espelhos, eram refletidos para um tubo fino de vidro que continha água.
A água, agora superaquecida, virava vapor, resultando em pressão suficiente para mover as bombas usadas para irrigar os campos em volta, com as lucrativas plantações egípcias de algodão. Tratava-se, disse Shuman, de uma invenção que poderia ajudar o Egito a tornar-se muito menos dependente do carvão que era importado das minas britânicas, com altos custos.
"A raça humana acabará tendo que usar a energia direta do Sol ou reverter à barbárie", escreveu Shuman em carta à revista "Scientific American" no ano seguinte. Mas o início da Primeira Guerra Mundial, alguns meses mais tarde, pôs um fim abrupto a seu sonho, e em pouco tempo seus cochos solares foram quebrados, sendo o metal usado como ferro-velho para o esforço de guerra. A barbárie pareceu ter prevalecido.
Quase um século mais tarde, um comboio de ônibus interurbanos com ar condicionado percorre o subúrbio de alto padrão de Maadi --onde Shuman demonstrou seus painéis solares rudimentares--, prosseguindo por 90 km em direção a Kuraymat, uma área de deserto plano e desabitado perto da cidade de Beni Suef.
A delegação internacional de alto nível de executivos-chefes, políticos, financistas e cientistas veio para visitar uma usina elétrica "híbrida", nova em folha, que emprega gás e painéis solares para gerar eletricidade. Antes de os ônibus chegarem aos portões de segurança da usina, seus 6.000 cochos parabólicos --cada um com seis metros de altura, e todos tendo uma superfície conjunta de 130 mil m² -- já são visíveis desde a estrada....

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